Doutor, meu filho ronca!
- Vitor Guo Chen
- 28 de dez. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de out. de 2020

Você sabia que assim como os adultos, as crianças também possuem distúrbios respiratórios do sono?
Um desses distúrbios é a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Uma doença que, além de alterar a qualidade do sono das crianças afetando seu comportamento e aprendizado, pode ser potencialmente grave, levando a alterações cardiovasculares e metabólicas.
Mas o que é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)?
É um distúrbio em que devido a uma obstrução da via respiratória a pessoa para de respirar por alguns segundos diversas vezes enquanto dorme. Estima-se que cerca de 1-5% das crianças do mundo apresentem a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Já o quadro de respiração oral pode acometer um número ainda maior de crianças.
Toda criança que ronca tem Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)?
Não. O ronco é um ruído produzido pelo turbilhonamento de ar decorrente de uma obstrução na parte posterior do nariz e da faringe. E essa resistência à passagem do ar durante o sono, pode ser completa, ocasionando a apneia.
Por que acontece?
Na infância, o principal motivo para a presença dos roncos se dá pelo aumento das amígdalas e adenóide e hipertrofia das conchas nasais inferiores devido à rinite alérgica. No entanto, muitos outros fatores podem levar a este quadro como a redução da resposta respiratória central e redução do tônus da musculatura faríngea.
Quando suspeitar?
As crianças com respiração oral e/ou apneia do sono apresentam ronco habitual, dificuldade respiratória, pausas respiratórias, sono agitado, enurese (fazer xixi na cama) e dificuldade no aprendizado.

Se não tratar, pode acontecer alguma coisa?
A respiração oral, a longo prazo, pode provocar diversas alterações no crescimento da face como: face alongada, hipoplasia do terço médio da face (região malar com crescimento reduzido), retrognatia (queixo pequeno), palato ogival, mordida aberta – sendo necessário a participação de dentistas e fonoterapeutas para a correção destas alterações. Já a má qualidade de sono pode alterar as funções imunológica, endocrinológica e neurológica do nosso organismo, aumentando o risco de problemas cardiovasculares, alteração da memória, dificuldade de aprendizagem, entre outros.
Que exames são necessários para o diagnóstico?
De maneira geral, uma boa anamnese aliada ao exame físico, nasofibrolaringoscopia ou RX de cavum são suficientes para detectar a origem do problema e permitir uma condução adequada do caso.

Mas e a Polissonografia? Não precisa fazer?
Apesar de a Polissonografia ser o exame padrão ouro para o diagnóstico da apneia obstrutiva do sono em crianças, este é um exame indicado principalmente em crianças sindrômicas ou com alguma doença grave; ou naquelas em que o relato dos pais é pouco compatível com o exame físico. Logo, sua realização não é obrigatória para todos os pacientes.

E qual o tratamento?
Nas crianças com quadro de hipertrofia de tonsilas faríngeas (adenóides) e palatinas (amígdalas) o principal tratamento é a cirurgia.
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